terça-feira, 22 de abril de 2008

RECORDAÇÕES


(imagem retirada da internet)



“Estava escrita pela letra de Barbosa, um cursivo feio, muito legível.
Lenita leu:

O trem ia partir.
Ela estava na plataforma da estação da luz, com o marido, em bota-fora de não sei quem. Olhou-me, eu a olhei; ela baixou os olhos, uns grandes olhos verdes;corou. O braço esquerdo estava passado no do marido, enfastiadamente, aborrecidamente; o direito, em abandono, pendia-lhe ao longe do corpo...A mão estava sem luva, era pequenina, bem feita, tinha no anular uma marquesa de muito brilho. Levantou os olhos, encarou-me, tornou a baixá-los, avançou o pé direito, um pezinho adorável, bateu com ele freneticamente, como se estivesse muito contrariada. O marido disse-lhe o que quer que foi em alemão, ela respondeu-lhe na mesma língua. Sairam, eu seguí-os. Tomaram o bonde que vinha de Santa Cecília(...)
Tornei a vê-la. Era no Grande Hotel: ela estava jantando, à mesa do centro. Dava-me as costas. Recostava-se na cadeira, pendendo o corpo para a esquerda, a perna direita passada sobre a esquerda, agitava-se com um movimento sacudido, nervoso. O pé muito pequeno, estreitado numa meia de seda carmesim, recurvando-se, descalçava em parte o sapatinho Clark, mostrava o calcanhar redondo, diminuto, delicioso...A aragem que entrava pelas janelas altas agitava-lhe os crespinhos dourados da nuca. Levantou-se, rodando para a esquerda, com o busto curvado, em um movimento gracioso, que pôs em relevo a exuberância dos seios a avultarem reprimidos no corpete retesado, em contraste provocador com a exigüidade da cintura.”

(Texto extraído do livro ‘A CARNE’ de Julio Ribeiro)

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Quem sou eu

EU escrevo...nas entrelinhas, meu CORAÇÃO é quem fala... Sou essa mulher de sentimentos calados, às vezes alados, é aí que os transfiro para a escrita; faço, então, dela meu refúgio quando me bate aquela saudade, a tristeza inesperada, a alegria repentina...assim sou eu: Uma mistura entre sons e silêncios...Olho as árvores como uma criança, olho a lua como um poeta, olho o céu como um louco (assim ensinou o mestre e com ele aprendi)...

Livros que todos deveriam ler

  • Deus na Natureza (Camille Flamarion)
  • Deus, Um Delírio (Richard Dawkins)
  • Dinheiro, Trabalho e Espiritualidade (OSHO)
  • Faça seu coração vibrar (OSHO)
  • O Castelo de Vidro (Jeannette Walls)
  • O Monge e o Executivo (James C. Hunter)
  • O Universo em um Átomo (Dalai Lama)
  • Você Pode Curar sua Vida (Loyse L. Hay)

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