(Imagem retirada da Intrenet)
Estou sempre beirando abismos. Porque entre o sentir e eu me vendo sentir, existe sempre uma brecha. Onde cabem todos os pensamentos do mundo; mesmo os mais disparatados. E quanto mais ela se abre, já não experimento diretamente, mas observo-me, sentindo, vigio-me, objeto distante. E a emoção é amesquinhada, porque já não sou o seu sujeito. Porque não sou, eu mesma, e apenas , essa emoção; não posso responder a ela com um simples eu "sou". Às vezes, diante da ameaça, consigo que se feche; então embarco. Mas quando ela se abre mais e mais, então me recuso, me furto, vitoriosa-perdedora. E me vejo confinada numa concha; e até meu cerne não chega uma só migalha de alegria. Só o cinzento, o tédio, a tristeza. Teia de aranha embrulhando raiva, gelada-ardente calmaria, medo de bicho acuado...Quando o choro vem, quando afinal consigo chorar, à medida que os soluços me sacodem o corpo, começo a descontrair. Uma couraça se trinca, e pela rachadura alguma coisa flui...Plenitude, alegria. Por algum tempo, destruidora e voraz, morre a lagarta, e renasce, tenra e fresca, e leve, a borboleta.(Confissões de penumbra)
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