(Imagem retirada da Internet)
ou naquilo que,de ti, em mim ficou.
Está nos teus lábios, na tua voz, nos teus olhos,
e talvez ande por entre os teus cabelos,
ou nesses fios abstratos que desfolho,
com os dedos da memória, quando o evoco.
Existe: é o que sei quando me lembro de ti.
Uma relação pode durar o que se quiser;
será, no entanto, essa impressão divina que faz a sua permanência?
Ou impõe-se devagar, como as coisas a que o tempo nos habitua,
sem se dar por isso, com a pressão sutil da vida?
Um deus não precisa do tempo para existir: nós, sim.
E o tempo corre por entre estas ausências,
mete-se no próprio instante em que estamos juntos,
foge por entre as palavras que trocamos,
eu e tu, para que um e outro as levemos connosco,
e com elas o que somos,a ânsia efêmera dos corpos,
o mais fundo desejo das almas.
Aqui, um deus não vive sozinho,
quando o amor nos junta.
Desce dos confins da eternidade,
abandona o mais remoto dos infinitos,
e senta-se aos pés da cama, como um cão,
ouvindo a música da noite.
Um deus só existe enquanto o dia não chega;
por isso adiamos a madrugada,
para que não nos abandone,
como se um deus não pudesse existir para lá do amor,
"Deus— talvez esteja aqui, neste pedaço de mim e de ti,
ou naquilo que,de ti, em mim ficou.
Está nos teus lábios, na tua voz, nos teus olhos,
e talvez ande por entre os teus cabelos,
ou nesses fios abstratos que desfolho,
com os dedos da memória, quando o evoco.
Existe: é o que sei quando me lembro de ti.
Uma relação pode durar o que se quiser;
será, no entanto, essa impressão divina que faz a sua permanência?
Ou impõe-se devagar, como as coisas a que o tempo nos habitua,
sem se dar por isso, com a pressão sutil da vida?
Um deus não precisa do tempo para existir: nós, sim.
E o tempo corre por entre estas ausências,
mete-se no próprio instante em que estamos juntos,
foge por entre as palavras que trocamos,
eu e tu, para que um e outro as levemos connosco,
e com elas o que somos,a ânsia efêmera dos corpos,
o mais fundo desejo das almas.
Aqui, um deus não vive sozinho,
quando o amor nos junta.
Desce dos confins da eternidade,
abandona o mais remoto dos infinitos,
e senta-se aos pés da cama, como um cão,
ouvindo a música da noite.
Um deus só existe enquanto o dia não chega;
por isso adiamos a madrugada,
para que não nos abandone,
como se um deus não pudesse existir para lá do amor,
ou o amor não se pudesse fazer sem um deus."
(Nuno Judce)
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